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Design Thinking na AEC

Durante boa todo o sĆ©culo XX o pensamento reducionista dominou nossa sociedade consequentemente a forma como lidamos com nossos projetos. PorĆ©m com o avanƧo da informĆ”tica, e a democratizaĆ§Ć£o de diversos conceitos culturais e sociais, a sociedade comeƧa a se valer do estudo da complexidade, a qual provavelmente serĆ” a ciĆŖncia do sĆ©culo XXI. Ou seja: paramos de observar o mundo com mera generalizaƧƵes e passamos a enxerga-lo da forma complexa como ele realmente Ć©. Ɖ dentro dessa ideia que surge o Design Thinking



No sƩculo XXI a complexidade comeƧa a estar mais presente na arquitetura.

Design Thinking Ć© um assunto extenso, do qual podemos falar por algumas horas, mas sua aplicaĆ§Ć£o Ć© relativamente simples e informal, o objetivo desse texto Ć© fornecer uma ideia de como Engenheiros Civis e Arquitetos podem aplicar a abordagem do Design Thinking em seus projetos.


Podemos dizer que o Design Thinking estĆ” separado em 7 etapas.

  1. Comprender

  2. Observar

  3. Definir

  4. Idealizar

  5. Prototipar

  6. Testar

  7. Implementar.

Por sua vez, essas 7 etapas fazem parte de 4 processos.

  1. ExperiĆŖncia do usuĆ”rio - User Experience-UX

  2. Criatividade

  3. SeleĆ§Ć£o

  4. Desenho e ExecuĆ§Ć£o.

Aqui Ć© interessante fazer uma distinĆ§Ć£o entre etapas e processos. Etapas sĆ£o perĆ­odos finitos de realizaĆ§Ć£o de tarefas. JĆ” processos sĆ£o atividades cĆ­clicas, on-goings. E o que isso quer dizer? Quer dizer que em cada um desses processos, pode ser repetido mais de uma vez, a fim de obter o resultado esperado.



Processos e Etapas do Design Thinking

E como funciona isso na EAC?


Fazendo uma traduĆ§Ć£o livre, Design Thinking Ć© o ā€œPensamento do projetistaā€, e embora isso nĆ£o seja ensinado em todas as escolas de engenharia do paĆ­s a abordagem que segue Ć© um desdobramento lĆ³gico do pensamento de projetar.


EXPERIƊNCIA DO USUƁRIO


Compreender: Design Thinking Ć© uma abordagem voltado ao usuĆ”rio, portanto nessa etapa deve-se buscar entender o lado do usuĆ”rio, qual sua relaĆ§Ć£o com o projeto, como ele pretende utilizar o ambiente? Para os arquitetos isso Ć© mais natural, porĆ©m tambĆ©m Ć© dever do engenheiro a preocupaĆ§Ć£o com o usuĆ”rio. Qual a finalidade da edificaĆ§Ć£o? Se Ć© uma edificaĆ§Ć£o comercial pode ser mais interessante terminar a obra mais cedo para comeƧar a explorar o negĆ³cio, dando preferĆŖncia a estruturas mais industrializadas. Se Ć© uma habitaĆ§Ć£o, Ć© interessante esconder os elementos estruturais, ou fazer co que eles sejam parte da arquitetura do ambiente e por ai vaiā€¦


Observar: muitos estudiosos colocam observar e compreender como uma mesma etapa, chamada de Empatia, alguns acrescentam tambĆ©m a etapa de ā€œParticipaĆ§Ć£o" que Ć© mais voltada para processos de T.I ou de produĆ§Ć£o. Na Ć”rea de AEC observaĆ§Ć£o pode ser entendida em como as relaƧƵes se desenvolvem. Ɖ tomar notas do comportamento dos usuĆ”rios, das atividades que serĆ£o desenvolvidas. PorĆ©m essa Ć© uma etapa sem influĆŖncia direta do usuĆ”rio, baseada muito mais na experiĆŖncia de resolver problemas do projetista do que nas opiniƵes do usuĆ”rio.


Certa vez dimensionando um laboratĆ³rio me dei conta que os TĆ©cnicos que iriam utilizar o laboratĆ³rio nĆ£o faziam a mĆ­nima ideia de como eram desenvolvidas as atividades, eles nĆ£o possuĆ­am procedimentos de utilizaĆ§Ć£o, dessa forma foi necessĆ”rio compreender a finalidade (no caso um laboratĆ³rio educacional), e depois observar os usuĆ”rios utilizando o laboratĆ³rio, para desenvolver medidas de utilizaĆ§Ć£o do espaƧo, alĆ©m de Ć”reas de disposiĆ§Ć£o, uso e descarte dos materiais.


Ao final dessa etapa se terĆ” uma correlaĆ§Ć£o de diretrizes: implĆ­cito vs explicito, necessidades do cliente. Ɖ ao final dessas duas etapas que se terĆ” o material necessĆ”rio para a criaĆ§Ć£o do Programa de Necessidades.


CRIATIVIDADE

Definir (foco): Ć© aqui que considero que as etapas comeƧam a ficar mais claras para os projetistas de AEC, a Ć”rea de foco pode ser vista como o programa de necessidades Ć© nessa etapa que se procura abordar a complexidade do problema, explorar processos similares, aprender com experiĆŖncia de outros projetistas (benchmarking) e entender de uma vez por todas se o desafio inicial reflete o problema identificado.

Na minha opiniĆ£o, utilizando os conceitos do PMI, essa Ć© a etapa em que se define o escopo do projeto, e Ć© daqui que deve sair o Termo de Abertura do Projeto- TAP, documento contendo as permissƵes e restriƧƵes do Gerente de Projetos, o escopo e o nĆ£o escopo, os membros do projeto etc. JĆ” na metodologia SCRUM acredito que Ć© nessa etapa que sairia o product backlog: lista de funcionalidades esperados do projeto. E por fim no mĆ©todo PRINCE II terĆ­amos nessa etapa o tema do Business Case.

Ao final dessa etapa jĆ” se terĆ£o claras as delimitaƧƵes e escolhas de parĆ¢metros de fronteiras do projeto, que proporcionarĆ£o ao projetista a elaboraĆ§Ć£o do Partido ArquitetĆ“nico na prĆ³xima etapa


SELEƇƃO

Idealizar (brainstorm): Ć© nessa etapa que os diferentes membros da equipe comeƧam a abordar o problema sob diferentes pontos de vista, quanto mais divergentes forem as ideias mais ricas e elegantes serĆ£o as soluƧƵes. Ɖ aqui que os projetistas irĆ£o elaborar o Partido ArquitetĆ“nico. E comeƧar os estudos preliminares, o amadurecimento da ideia, e o alinhamento com as ideias do cliente e do projetista, Ć© nessa etapa tambĆ©m que se elabora o Briefing.


Prototipar (construir): Ć© nessa etapa que as soluƧƵes devem se comunicar, devem ser esboƧadas, desenhadas, construĆ­das e testadas. E Ć© aqui que entra o avanƧo da informĆ”tica para o mercado de AEC, Ć© graƧas Ć  modelagem BIM que podemos prototipar nossos projetos, e verificar sua viabilidade. Aqui Ć© feita a traduĆ§Ć£o dos estudos do projeto, mas ainda numa linguagem imprecisa, sem exatidĆ£o de execuĆ§Ć£o. Ɖ onde surge o Anteprojeto.


DESENHO E EXECUƇƃO

Testar: Ć© nessa etapa que se aprende se o protĆ³tipo funciona ou nĆ£o. Na Ć”rea de AEC ela pode ser vista de diversas formas: AnĆ”lise computacional dos parĆ¢metros luminotĆ©rmicos, anĆ”lise estrutural da soluĆ§Ć£o adotada, desempenho virtual dos componentes do projeto sob condiƧƵes adversas, e atĆ© mesmo visitas 3D.

Implementar: Ć© nessa etapa que se elabora o projeto executivo e se oferece o projeto final de construĆ§Ć£o.


PROCESSOS

Perceba que como o Design Thinking Ć© uma abordagem voltada para o usuĆ”rio, Ć© interessante que o mesmo tenha poder de validaĆ§Ć£o em cada um dos processos, evitando retrabalho por parte dos projetistas. Caso um processo nĆ£o seja validado ele deve ser refeito. Ainda assim imprevistos podem surgir e, dependendo da gravidade, o projeto pode retroceder atĆ© mesmo para estĆ”gios iniciais.


Resumo do Design Thinking com a TĆ©cnica de Projetar

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